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DOENÇA DE ALZHEIMER E OUTRAS DEMÊNCIAS

Características

      Motivo de pânico para várias pessoas, as demências tem sido, cada vez mais, diagnosticadas. Entende-se por demência a perda da capacidade intelectual previamente adquirida, grave o suficiente para interferir no comportamento social ou laborativo. Dentre tais patologias, a que representa a grande maioria dos casos é a Doença de Alzheimer. Podemos também destacar as demências vasculares, secundárias a outras patologias, Doença de Huntington e por deficiência de vitaminas ou outros minerais.

Cérebro afetado pela degeneração vista na Doença de Alzheimer

Fonte : Instituto Nanocell

Tipos de Demências

DOENÇA DE ALZHEIMER

  1. Características

  • É a forma mais comum de demência.

  • Patologicamente possui placas neuríticas (amiloides) e novelos fibrilares.

  • Alguns autores já a descrevem como “diabetes tipo 3”, ou seja, tem características de disfunção insulinêmica a nível cerebral o que acaba afetando a função neuronal e os neurotransmissores, principalmente da acetilcolina (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8910482/).

  • Clinicamente se caracteriza pelo declínio gradual e progressivo da função intelectual associada ao comprometimento da memória, julgamento e percepção. Ocorre alteração da personalidade e do comportamento. Rigidez a bradicinesia podem surgir com a evolução. Na , embora haja perda de memória, o paciente tem condições de vida independente. Na há necessidade de certa supervisão, mas ainda existe certa interação. Já na os pacientes são totalmente dependentes e não possuem nem condições de comunicação. Pode ocorrer comprometimento de uma ou mais funções cognitivas como afasia, apraxia, agnosia ou planejamento executivo.

   2.  Diagnóstico

 

  • O diagnóstico é clinico e devem ser feitos: mini exame do estado mental, análise de liquor, estudos de imagens e testes neuropsicológicos. O diagnóstico definitivo só é obtido através da análise laboratorial do tecido cerebral.

   3.  Tratamento

  • O tratamento pode, em alguns casos, aliviar um pouco a sintomatologia, mas ainda não existe terapêutica capaz de alterar a drástica evolução da doença.

  • Inibidores da colinesterase – Tem por função reduzir a quebra da acetilcolina, aumentando assim sua função. São úteis em casos leves e moderados.

  • Donepezila – Inibidor especifico altamente específico da acetilcomlinesterase. Iniciar com 5mg/dia ou conforme seu medico.

  • Galantamina – Inibidor seletivo e competitivo da acetilcolinesterase. Iniciar com 8mg/dia ou conforme seu medico.

 

  • Rivastigmina - Inibidor especifico da acetilcolinesterase e da butirilcolinesterase. Começar com 1,5mg duas vezes ao dia e ir aumentando até alcançar 6 a 12mg/dia ou conforme seu medico.

  • Antagonistas dos receptores do NMDA (N metil d aspartato) – Ao bloquear os receptores do glutamato, talvez, pode-se proteger contra a toxicidade da doença. Deve ser usado em casos moderados a graves.

  • Memantina – Antagonista não competitivo do receptor NMDA. Iniciar com 5mg/dia e aumentar progressivamente até 20mg/dia ou conforme seu medico. Pode se associar a donepezila.

DECLÍNIO COGNITIVO LEVE

  • O declínio cognitivo leve não caracteriza uma doença em si, mas talvez um estado de transição entre a função cognitiva normal e um quadro demencial.

  • Os critérios diagnósticos são:

  • Queixa de perda de memória

  • Capacidade normal de realizar atividades do cotidiano

  • Cognição preservada

  • Não existe tratamento específico nem preventivo e, mais ou menos, 10% dos casos desenvolverão Doença de Alzheimer.

DEMÊNCIA VASCULAR

  1. Características

  • Definida como o declínio cognitivo que leva ao comprometimento funcional e que é causado por doença cerebrovascular como infartos isquêmicos ou hemorrágicos ou hipoperfusão. É importante haver evento vascular cerebral comprovado prévio ao quadro demencial para se firmar o diagnóstico.

  • Clinicamente é caracterizada por perda de memória, alteração de linguagem, falta de discernimento e dificuldade visuoespacial. Em quase todos os casos existe quadro motor associado como marcha anormal, fraqueza focal e incoordenação. Pode ocorrer incontinência emocional, incontinência urinária e urgência miccional.

    2. Diagnóstico

  • Para questões diagnósticas, não existem achados patognomônicos em nenhum tipo de exame complementar. Sugere-se realizar exame de imagem encefálico.

    3. Tratamento

  • Não existe tratamento específico.

DEMÊNCIAS FRONTO TEMPORAIS

  1. Demência Fronto Temporal Comportamental

  • Caracterizada por alteração progressiva de personalidade e do comportamento, ao passo que as habilidades espaciais e memórias seguem preservadas. O paciente perde sua capacidade de se comportar socialmente. Passa a ter comportamento oral e fissura por doces.

  • Os exames de imagem demonstram atrofia frontal e temporal. Os estudos funcionais como HMPAO SPECT e FDG PET mostram redução de atividade nas regiões frontal e temporal direitas.

  • Não existe tratamento.

 

 

   2. Afasia Progressiva Primária

 

  • Caracterizada por disfunção considerável e progressiva somente da linguagem. Os pacientes apresentam anomia e parafasias e com a evolução pode ocorrer mutismo.

  • Os exames de imagem podem apresentar atrofia perisylviana do lado esquerdo e os estudos funcionais podem demonstrar hipoperfusão na mesma região.

  • Não existe tratamento.

   3. Demência Semântica

  • Caracterizada por perda de memória para as palavras o que termina por produzir parafasias semânticas. Todavia, os pacientes executam bem tarefas cotidianas.

  • Os exames de imagem e funcionais demonstram alteração na região perisylviana posterior esquerda.

  • Não existe tratamento.

DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY

  1. Características

  • Caracterizada por elementos psicóticos como delírios e alucinações, flutuações do estado de alerta, transtorno do sono, demência e parkinsonismo.

   2. Diagnóstico

  • Não existem exames diagnósticos específicos. Deve-se excluir causas clinicas do quadro.

 

   3. Tratamento

 

  • Não existe tratamento específico. Para os sintomas associados pode-se usar:

 

  • Quetiapina – Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 25mg/dia ou conforme seu medico.

  • Risperidona - Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 0,5mg/dia podendo aumentar até 3mg/dia ou conforme seu medico.

  • Olanzapina - Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 5mg/dia ou conforme seu medico.

  • Levodopa – Se parkinsonismo associado. Iniciar com 25/100mg ½ comprimido três vezes ao dia ao conforme seu medico.

DEMÊNCIAS ASSOCIADAS A OUTRAS DOENÇAS

  1. Demência na Paralisia Supranuclear Progressiva

  • Associada aos sintomas do paralisia supranuclear progressiva como oftalmoplegia supranuclear progressiva, paralisia pseudobulbar, disartria e distonia.

  • A alteração cognitiva é caracterizada por bradifrenia, abstração pobre, dificuldade de cálculos e de fluência mas manutenção da memória de reconhecimento.

  • Os exames de imagem geralmente são normais as vezes demonstrando atrofia mesencefálica.

  • Os exames funcionais podem demonstrar disfunção do lobo frontal.

  • Não possui tratamento específico.

 

 

   2. Demência na Doença de Parkinson

  • Caracterizada pelo desenvolvimento de demência em pacientes com diagnóstico prévio de Doença de Parkinson.

  • Clinicamente, os pacientes apresentam déficit cognitivo com disfunção executiva, bradifrenia, disfunção visuoespacial e preservação relativa da memória.

  • O tratamento é pobre e alguns acreditam que a levodopa possa contribuir com alguma melhora.

   3. Demência na Degeneração Corticobasal

  • Caracterizada por demência em pacientes com degeneração corticobasal onde é identificado apraxia apendicular, perda sensitiva, heminegligência, mioclonias e fenômeno do membro alienígena.

  • Alguns autores inclusive consideram que a demência pode ser o sintoma mais comum dessa doença.

  • A disfunção cognitiva é caracterizada por déficit cortical (apraxia, afasia, agnosia) e subcortical (bradifrenia, perda de fluência verbal).

  • Ausência de psicose ou de comprometimento grave de memória.

  • Os exames complementares (imagem e funcionais) mostram alteração nas regiões frontal posterior e parietal contralateral.

  • Sem tratamento específico.

   4. Demência na Doença de Huntington

  • A Doença de Huntington é caracterizada por déficits motores, cognitivos e psiquiátricos.

  • Os déficits executivos constituem a principal alteração cognitiva associada a tal doença. A capacidade de planejamento, de organização e de monitorização do comportamento estão muito prejudicadas.

  • Os exames complementares podem mostrar disfunção nos lobos frontais e circuitos frontoestriatais.

  • Não existe tratamento especifico.

Clínica e Diagnóstico

     O diagnóstico é clínico. O principal sintoma é o esquecimento, sendo esse progressivo. É importante também avaliar a velocidade de instalação dos sintomas. Se esses ocorrerem rapidamente nos remete a carência de alguma substância importante para o organismo. Um teste rápido e adequado para ser aplicado a nível ambulatorial é o Mini Exame do Estado Mental (MEEN). Embora possua algumas limitações pode ajudar, sugestionando um diagnóstico ainda não muito perceptível ou conhecido.

 

 

Tratamento

         O tratamento medicamentoso não é muito efetivo. O interessante é que, hoje em dia, inúmeros trabalhos defendem o uso de dietas específicas para melhora cognitiva. E esses têm demonstrado impressionante melhora. Se você quiser aprofundar sobre esse assunto marque logo sua consulta. A avaliação de um profissional especializado é muito importante.

Rafael Oliveira - Médico Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna

Porto Alegre - RS

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