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MENINGIOMAS

Características

  • Os meningiomas são tumores histologicamente benignos que podem, muitas vezes, ter comportamento maligno.

  • É o segundo tumor primário mais comum do Sistema Nervoso Central (SNC) só atrás do glioblastoma multiforme, representando, segundo Greenberg, 15% das neoplasias do SNC.

  • Afetam mais mulheres entre a quarta e sexta década de vida possuindo alta associação com trombose venosa profunda (72% de ocorrência).

  • Originam-se das células da aracnóide (células meningoteliais), parasitando a irrigação sanguínea da dura mater. Microscopicamente, podem ser encontrados os “corpos psamomatosos”. Na imunohistoquímica 80% dos meningiomas possuem o antígeno de membrana epitelial (EMA).

  • Etiologicamente, os meningiomas podem se originar de traumatismos, infecções virais (Inoue-Melnick vírus), irradiação, influência hormonal e genética. 

  • Geneticamente, possuem receptores de estrogênio, progesterona, somastotatina, andrógenos.

  • Histologicamente os meningiomas são divididos em :

 

      a) Meningotelial (mais comum);

      b) Fibroso (consistência mais borrachuda);

      c) Transicional (intermediário entre o meningotelial e o fibroso);

      d) Psamomatoso;

      e) Atípico – Possui alta atividade mitótica e invade o parênquima;

      f) Anaplásico – Comportamente maligno com alta taxa de recidiva e invasão do cérebro.

  • Os meningiomas são dividos em três graus de acordo com seu tipo histológico:

 

       * Grau 1 – Meningiomas comuns (meningotelial, fibroso, transicional);

       * Grau 2 – Meningiomas atípicos (atípico);

       * Grau 3 – Meningiomas anaplásicos.

 

  • Os tipos de meningioma variam conforme a sua localização:

 

a) Convexidade – Representam 15% dos meningiomas e geralmente não afetam a dura de seios venosos.

b) Parassagitais – São aqueles que nascem do ângulo parassagital e não possuem tecido cerebral entre o tumor e o seio sagital superior. Representam 20% dos meningiomas.

c) Falcinos – São aqueles que se originam na foice e são encobertos por camada de tecido cerebral e, tipicamente, não envolvem o seio sagital mesmo que emalguns casos isso possa ocorrer. Representam 8% dos casos.

d) Intraventriculares – São aqueles que se originam nos ventrículos laterais derivando de células de aracnóide presentes no plexo coróide. Representam 4%  dos meningiomas.

e) TentoriaisYasargil define como meningioma tentorial aquele que se origina na parte interna da tenda ou em sua borda livre ou ao longo do seio transverso.Representam 4% dos casos.

f) Sulco olfatório – São aqueles que se originam no sulco olfatório. Cushing preconizava o esvaziamento do tumor previamente a sua retirada para preservar  a artéria cerebral anterior e seus ramos que geralmente estão aderidas a lesão. O suprimento sanguíneo do tumor é feito pela artéria etmoidal anterior e sua                 embolização pré operatória pode contribuir com a cirurgia. Possibilidade da  Síndrome de Foster Kennedy (anosmia, atrofia óptica ipsilateral e papiledema contralateral). Representam 10% dos casos.

        g)Asa de Esfenóide e Clinóide – Se originam no osso esfenóide e região da                 clinóide. Os mediais ou clinoidais tendem a envolver as artérias carótida e                     cerebral media bem como o nervo óptico. Pode comprimir o tronco cerebral. A             ressecção desses tumores está associada a morbimortalidade significativa. Representam 12 % dos casos. Meningiomas em placa ocorrem da área do osso           esfenoide e são caracterizados por extensa hiperostose óssea.

h) Tubéculo Selar – Representam 12% das lesões. Geralmente causa a Síndrome quiasmástica (atrofia óptica com hemianopsia bitemporal e sela túrcica normal).

i) Seio Cavernoso – Os meningiomas de seio cavernoso podem ter inicio no  próprio seio ou invadi-lo após se originarem em estrutura próxima. É importante estudo vascular pré operatório da região (angiorressonância ou outro) afim de determinar a posição ou comprometimento dos vasos importantes. A cirurgia               para retirada desse tipo de tumor possui mortalidade de 2,4% segundo                         Youmans. 

j) Nervo Óptico e Órbita – Segundo Youmans, o tratamento para meningiomas do nervo óptico é a radioterapia. Uma abordagem fronto órbito zigomática pode ser utilizada para tumores com origem no ápice da órbita ou com origem craniana  que se extendem para a órbita. Representa 1,2% das lesões segundo Greenberg.

k) Ângulo Cerebelo-Pontino – Geralmente compromete nervos cranianos.

l) Petroclivais – Envolvem os compartimentos infra e supratentoriais. O clivus está localizado posteriormente a sela túrcica e a clinóide posterior e anteriormente aoforame magno. Os tumores mais próximas a sela túrcica e que deslocam o tronco cerebral posteriormente são chamados de clivais. Os tumores petroclivais                   também estão mais próximos a sela túrcica mas estão mediais ao V par craniano.

m) Forame Magno – Podem ocorrer em qualquer parte do forame Magno.

 

  • Uma das características comuns aos meningiomas é o edema circundante a lesão que pode ser visto em 40 a 80% dos casos. Por manter a barreira leptomeningea intacta ainda é desconhecida a razão pela qual esse tipo de tumor gera edema. Klatzo definiu que se trata de edema vasogênico. Mais recentemente foi observado que alguns polipeptídeos com importante papel no desenvolvimento embrionário, mas praticamente inativos nos tecidos adultos, tornam-se novamente ativos em células neoplásicas e nos astrócitos reativos a lesão. Dentre esses polipeptídeos se destaca o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF). O VEGF possui potente capacidade de induzir um aumento de permeabilidade vascular e estímulo a mitose de células endoteliais. Alguns estudos definem que existe aumento na expressão de VEGF em células tumorais o que pode contribuir com o edema perilesional. O diagnóstico é dado por sinal aumentado em T2 na ressonância. Souto AA et al concluíram que 2/3 de sua serie de casos possuía edema perilesional significativo. Definiram que os fatores mais predisponentes a ocorrência de edema são:

 

  • Tamanho do tumor (tumores maiores que 4cm geram mais edema);

  • Invasão da pia máter (ocorre mais em tumores maiores);

  • Tumores de asa de esfenóide possuem maior ocorrência de edema;

  • Tumores que infiltram o parênquima (células residuais pós cirurgia podem ser as responsáveis pelo edema pós operatório);

  • Meningiomas anaplásicos.

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Clínica e Diagnóstico

     O sintoma mais comum é a dor de cabeça. Podem ocorrer, também, outros sinais neurológicos como crises convulsivas. O diagnóstico é dado pela ressonância de encéfalo. Nessa destaca-se uma lesão bem circunscrita e com alta impregnação pelo contraste. O diagnóstico é sugerido através de exames de imagem, sendo o mais fidedigno a ressonância. Os meningiomas geralmente se caracterizam por:

 

  • Base de contato com a dura máter;

  • Pediculado a dura máter;

  • Edema circundante a lesão;

  • Captação de contraste – Os meningiomas tem alta captação de contraste;

  • Hiperostose óssea – Principalmente em meningiomas em placa.

Tratamento
  • O tratamento dos meningiomas, segundo Greenberg, pode ser, inicialmente, cirúrgico ou através de acompanhamento medico. A cirurgia deve ser indicada se:

 

  • Os sintomas (crises convulsivas) não são controlados de maneira clinica;

  • Ocorre crescimento considerável da lesão em imagens seriadas;

  • Existe considerável edema circundante a lesão.

 

  • Caso não hajam tais características, o meningioma deve ser acompanhado através de imagens seriadas. Greenberg sugere repetir o primeiro exame dentro de 3-4 após o diagnóstico e, havendo estabilidade, repetir o exame anualmente. A radioterapia pré operatória deve ser indicada se existe indicação cirúrgica mas contra indicação clinica ou de acessibilidade ao procedimento. Já a radioterapia pós operatória deve ser reservada para casos de meningiomas grau 3 ou grau 2 com ressecção incompleta (Simpson 4 e 5). Alguns preconizam a embolização pré operatória 7 a 10 dias antes do procedimento afim de reduzir o sangramento transoperaório.

 

  • Escala de Simpson é usada para se avaliar o grau de ressecção de um menigioma:

 

  • Grau 1 – Ressecção macroscópica completa inclusive do implante dural e ósseo (se existente) – Recidiva de 9%;

  • Grau 2 – Ressecção macroscópica completa com coagulação do implante dural – Recidiva de 19%;

  • Grau 3 – Ressecção macroscópica completa mas sem coagular o implante dural – Recidiva de 29%;

  • Grau 4 – Ressecção parcial – Recidiva de 44%;

  • Grau 5 – Descompressão/biópsia.

Rafael Oliveira - Médico Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna

Porto Alegre - RS

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